14.11.12

I
A floresta tem, como a praia tem e o planalto tem e a lua tem, uma luz obscena.
A floresta tem mais verde que vermelho, mais castanho que preto, mais amarelo que laranja.
A floresta guarda relíquias e transforma-as e de novo. Como uma fábrica que não quer vender nada.
Os sons que ouvires na floresta nunca te serão dirigidos. Nunca será para ti a floresta.
Os gritos que ouvires na floresta perder-se-ão dentro da tua cabeça. E de dentro dela se soltarão.

A floresta alimenta-se de ti.

A floresta passeia-se em ti.


II
Tu sabes que este lugar é uma casa imensa. E que os quartos e as salas se multiplicam e que todos os cantos se abrem. Tu sabes que tua cama de casal, que a folhas amaciaram com o tempo, vai desfazer-se um dia. Tu não abras a porta que ainda entra uma raposa. Tu não abras a porta que ainda entra um veado.

III
Passas o carvão na cara. E acreditas que podes encontrar ouro. O ouro não te serve de nada. Já não se fazem anéis.



Sem comentários: