27.12.11

Os cães ladram ainda mais alto,
as ondas chegam ainda mais longe,
os mortos enterram-se ainda mais fundo,
as fotografias duram uma eternidade.

26.12.11

Ouve a minha música. Estremece.
Deixa que o sismo nos separe.
Eu deste lado, tu desse. A trautear.
Deixa que um cisma, deixa que um cisne.
Eu ateu, tu entretido.
E a minha música sem parar.
Nós sabemos que se tu fores nessa direcção
e insistires nessa mesma direcção
e a certo ponto, quando já cansado,
não souberes se vais na direcção correcta,
seguires a caminhar,
nós sabemos que te vais sentar
e que vais chorar.
E será só isso por muitos anos de vida.

18.12.11

Deixa-me sair de casa e entrar no teatro. Sabes que todos os passos me custam. E os óculos de sol já não me ajudam como antes. Deixa-me levar os cigarros comigo para ocupar aos mãos. Eu sei que tudo vai ser mais fácil na plateia ou no palco. Eu conheço as regras. Deixa-me ficar lá por lá. Não quero dormir mais contigo. Pelo menos, se for de verdade.

17.12.11

Eu queria poder cantar uma ópera agora. Enquanto percorres os teus emails com cliques histéricos. Talvez uma nota muito aguda, muito aguda libertasse, romanticamente, a melancolia de que evitei falar-te enquanto esperávamos pela conta ao jantar.