16.4.12

Eu procurei, senhor, agradar-lhe com trejeitos de princesa. Mas o meu sorriso foi demasiado pesado, aceito a crítica. E quando me calei, calei-me em demasia, eu sei senhor. Tenho que aprender a calar-me na medida certa. Eu procurei, senhor, agradar-lhe com o meu cheiro. Mas eu percebo que o tenha ofendido com tanta doçura. Um grande fedor. As minhas lições de violino têm corrido surpreendentemente bem. Espero poder presenteá-lo com uma peça barroca em breve. E em relação às pernas e às axilas, peço-lhe alguma compreensão.
Não entendo por que não trouxeste a orquídea para a casa nova. Se trouxeste tudo. Os quadros do Picasso a fingir que Picasso, os sofás dos anos 60 a fingir que anos 60, os meus presentes de aniversário a fingir que aniversário. Não entendo porque não trouxeste a orquídea a fingir que flores, que flores, que flores.

15.4.12

Não me apetecia ficar mais no ocidente. Atravessei a rua. Encantei-me. A, a-a, aaaa, ó, a-a, aaa. Eu podia agarrar em ti e levar-te num avião para Paris, mas estamos tão bem na praia a ver os helicópteros passar. Os mortos ainda mal morreram.