30.11.08
virgens suicidas
Se ao menos pudesse morrer com o dia e não sentir culpa por entardecer tão rapidamente
29.11.08
rehab
Há-de conseguir arrancar pequenos diamantes dos ossos e com cuidados cirúrgicos oferecer-lhe uma jóia.
music
E em vez de amanhã ele dizia agora é agora. Depois voltava-se e ria-se. Depois largava o olhar nas mãos e só se ouviam. E uma orquestra escorria como saliva.
26.11.08
22.11.08
é pr'amanhã
Vai ser ontem que se vai sentar que vai esperar que vai ser hoje. vai ser ontem que vai sorrir que se vai lembrar que vai ser hoje. vai ser ontem que vai de directa que é uma insónia que é uma maneira de ser hoje.
21.11.08
ouvi dizer
há-de encontrar as palavras certas e com elas aliviar-lhe a queda. não vão haver feridos nem mortos nem notícias. vai ouvir-se um sorriso pelo altifalante sinal de ordem restaurada. há-de encontrar as palavras certas e distribui-las pelas pessoas. não vão haver ricos nem pobres nem religiosos. vai ouvir-se uma rádio local. e mais nada
20.11.08
coeurs
Vamos ler a história antes de nos movermos. o que dizemos o que nos dizemos o que fazemos o que nos fazemos. vamos seguir o guião com rigor vamos reparar nos detalhes como erguemos a cabeça como erguemos o machado como erguemos as paredes da casa. não vamos saber o que dizem as legendas porque não entendemos a língua. vai ser preciso confiar no nexo. vamos ler a história em voz alta antes do instante crucial da imobilidade porque a partir daí
19.11.08
17.11.08
a pianista
Nada disso vai passar. vai ter guitarras eléctricas presas no externo. vai ter heróis a resistir nos ombros e muralhas a erguerem-se espontaneamente como flores quando já não houver o que defender. vai ter armaduras nos dedos como jóias. e na garganta cordas a vibrar em silêncio.
chamar a música
Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece. Vais repetir. Finge, esquece.
16.11.08
os idiotas
Agora vamos deitar-nos no chão e ficar a ouvir as paredes a caírem lentamente. vamos ficar imóveis a ver o céu aparecer e a rua e as pessoas e o frio a cortar-nos as caras. vamos respirar debaixo dos escombros e prometer
15.11.08
14.11.08
future plans
Vamos atirar pedras. levantar o chão. vamos descalçar-nos e atirar palavras. os textos que não preparámos. vamos esconder as caras e ouvir as explosões de juventude que não preparámos. vamos abraçar-nos como muros como cordas e desfazer-nos com risos. vamos disparar vamos rebentar vamos rasgar vamos perdoar não vamos perdoar não vamos perdoar
13.11.08
crash
Não havia outra maneira de matar os quatro minutos de música não havia outra maneira de fazer um mau playback ou cantar por cima da vocalista não havia outra maneira de rebentar as colunas os braços e as pernas e mergulhar no silêncio a que os desastres obrigam?
12.11.08
fanny & alexander
Vão seguir todos os passos com cuidado e segurar as folhas como um mapa não se vão encontrar não se vão tocar nem se vão supor ali e vão seguir todos os passos um do outro com cuidado e segurar as folhas como um mapa dentro de um labirinto dentro de um labirinto dentro de um labirinto
10.11.08
paranoid park
Agora é só deixar o dia levá-lo é só deixar a noite levá-lo é só deixar a música levá-lo é só deixar o corpo levá-lo é só deixar alguém levá-lo é só deixar o medo levá-lo é só deixar a pena levá-lo é só deixar a intuição levá-lo é só deixar o irmão levá-lo é só deixar o carro levá-lo é só deixar
9.11.08
8.11.08
army of me
Vai pousar a cabeça sobre a arma e fazer disparar palavras em ecos vai repousar e quando estalar a guerra o seu corpo vai ser a primeira perda só depois se perderá a memória e numa pedra os seus dois nomes
ganhar a vida
Há-de erguer o machado e com ele desistir do silêncio e com ele desistir da palavra e com ela desistir do corpo e com ele desistir da intuição e com ela desistir de si
7.11.08
the time is now
Vai contar minutos vai ficar à espera tanto tempo que as pessoas vão parecer actores e os seus olhos uma câmara vai contar minutos e depois segundos vai inquietar-se com a ideia de que não existe imobilidade então se não existe porque demora tanto o tempo a passar vai contar minutos e pessoas e actores e os seus olhos uma câmara
6.11.08
apocalypse now
Vai estabelecer-se um diálogo como na guerra surdo mesmo surdo vão ouvir-se palavras tentativas de palavras e desistências de palavras não se vai encontrar paz nem vitória e vão rebentar frases e escorrer sílabas pelas suas bocas que vão desaparecer no fumo e desfazerem-se no fim mesmo que não se escreva uma derrota
5.11.08
4.11.08
saraband
Vamos pegar em duas ou três palavras e começar uma conversa vamos mudando de língua e introduzindo silêncios ele vai ouvir ele vai ouvir ele vai falar os olhares vão caindo para a mesa como nódoas os cotovelos vão matá-los e vão ser precisos novos olhares vamos prolongar a conversa com movimentos os códigos que já conhecemos e vai tudo parecer mais fácil vamos ouvir e vamos falar e vamos olhar
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