4.3.12

Eu não sei nada sobre a guerra que se tem feito. Não conheço os mortos, não entendo as razões dos vivos. E cada vez que vejo o carimbo do seu país no meu passaporte, reconheço a minha ignorância. É porque o amo, senhor? É porque o amo que fecho os olhos às atrocidades que se têm visto a dois passos da sua porta? Eu já não lamento nada, para além do atraso nos aviões que me levam até aí. E somente a música, nessa língua exótica, em que os erres são mais ricos que os erres mais ricos da minha língua, somente a música me comove.
Para minha vergonha. Não me tenho confessado e confesso que não me tem faltado tempo. Não posso, contudo, confessar-me no seu país. Já não há o culto no território, meu senhor. E como isso me deixa triste. Só deus para além da música se manifesta em mim.

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