24.2.12

Passei a vida a passar a mão com cuidado pelo fecho éclair. Passei a vida a fingir que não se passava nada, que não havia razão para a minha mão solta. Que o meu credo era uma poesia imensa e teimosa como comida entre os dentes. Passei a vida a treinar o meu maxilar no máximo da sua extensão, a treinar a nudez com um golpe de mágico, a treinar esperar-te meio sentado, meio deitado com um cigarro na mão esquerda. E nada demais se passou hoje, se não a nossa conversa monossilábica e alguns smiles de eroticismo duvidoso.

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