19.5.12

Eu vi o teu fantasma sair de casa e correr para o jardim. Da janela do segundo andar percebe-se bem o desenho do teu fantasma pelo espaço. E as pausas para chorar.
Acordei com o odor do nevoeiro.
Eu vi uma coisa branca pelo jardim. Aos saltinhos. A olhar para trás num tempo irregular como se estivesse a fugir de alguém e depois a parar chorar numa tensão vertical nada fantasmagórica.
A minha camisa de dormir ficou presa na janela quando a abri.
Eu vi-te nu aproximares-te do teu fantasma. E por todo o tempo em que percorreste o jardim de costas para a casa imaginei que estivesses melancólico. Um passeio às seis da manhã não é assim tão invulgar.
Quando te viraste num erecção de séculos, percebi.
E o meu fantasma amparou-me a queda.

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